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A Condenação da Reencarnação
O Concílio de Constantinopla, ano 533

   Até agora, quase todos os historiadores da Igreja romana acreditam que a Doutrina da Reencarnação foi declarada herética em 553 durante o segundo Concílio de Constantinopla, atual Istambul, Turquia. No entanto, a condenação da doutrina se deve a uma ferrenha oposição pessoal do finado imperador Justiniano, que nunca esteve ligado aos protocolos do Concílio. Segundo Procópio, uma mulher de nome Teodora, filha de um guardador de ursos do anfiteatro de Bizâncio, era a ambiciosa esposa de Justiniano, e na realidade, era quem manejava o poder. Ela, como cortesã, iniciou sua rápida ascensão ao Império. Para se libertar de um passado que a envergonhava, ordenou, mais tarde, a morte de quinhentas antigas "colegas" e, para não sofrer as consequências dessa ordem cruel em uma outra vida, como preconiza a lei do Carma, empenhou-se em suprimir toda a magnífica doutrina da reencarnação. Estava confiante no sucesso dessa anulação, decretada por Justiniano "em nome de DEUS"!
   O déspota imperador Justiniano, sem levar em conta o ponto de vista clerical, declarou guerra frontal aos ensinamentos de Orígenes – exegeta e teólogo (185-235), condenando tais ensinamentos através de um sínodo especial. Em suas obras "De Principiis" e "Contra Celsum", Orígenes tinha reconhecido, abertamente, a existência da alma antes do nascimento e sua dependência de ações passadas. Ele pensava que certas passagens do Novo Testamento poderiam ser explicadas somente à luz da reencarnação.
   Do Concílio convocado por Justiniano só participaram bispos do oriente (ortodoxos). Nenhum de Roma. E o próprio Papa, que estava em Constantinopla nesta ocasião, deixou isso bem claro.
   O Concílio de Constantinopla, o 5° dos Concílios, não passou de um encontro, mais ou menos em caráter privado, organizado por Justiniano que, mancomunado com alguns vassalos, excomungou e maldisse a doutrina da preexistência da alma, com protestos do Papa Virgílio, e a publicação de seus anátemas. Embora estivesse em Roma naquela época, o Papa Virgílio, sequestrado e mantido prisioneiro de Justiniano por oito anos, recusou-se a participar deste Concilio, quando Justiniano não assegurou o mesmo quorum de bispos representantes do leste e do oeste.
   Uma vez convocado, o Concilio só incluiu 165 bispos da Cristandade em sua reunião final, dos quais 159 eram da Igreja oriental. Tal fato garantiu a Justiniano todos os votos de que precisava.
   A conclusão oficial a que o Concílio chegou após uma discussão de quatro semanas teve que ser submetida ao Papa para ratificação. Na verdade, os documentos que lhe foram apresentados (os assim chamados "Três Capítulos") versavam apenas sobre a disputa a respeito de três eruditos que Justiniano, há quatro anos, havia por um decreto declarado heréticos. Nada continham sobre Orígenes. Os Papas seguintes, Pelagio I (556-561), Pelagio II (579-590) e Gregório (590-604 ), quando se referiram ao quinto Concílio, nunca tocaram no nome de Orígenes.
   E a Igreja aceitou o Edito de Justiniano – "Todo aquele que ensinar esta fantástica preexistência da alma e sua monstruosa renovação, será condenado" – como parte das conclusões do Concílio. Esta atitude da Igreja levou a reações tais como a do cardeal Nicolau de Cusa, que sustentou, em pleno Vaticano, a pluralidade das vidas e dos mundos habitados, com a concordância do Papa Eugênio IV (1431-1447), embora isso provocasse descontentamento de influentes clérigos da Cúria Romana. Porém, havia e houve sempre o interesse em sepultar esse conhecimento. Então, ao invés de uma aceitação simples e clara da reencarnação, a Igreja passou a rejeitá-la, justificando tal atitude com a criação de dogmas que lançam obscuridade sobre os problemas da vida, revoltam a razão e impõem dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade…
 
Fonte: www.geocities.com/jeffersonhpbr/supressao.html
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